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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para quem nunca acompanhou

Olá, como vai?
Faz algum tempo que nos conhecemos e eu ainda não tive coragem para escrever-lhe. É difícil entender como uma pessoa que surge do nada deveria ter um peso enorme na minha vida. Confesso-lhe que ao principio recusei-me a acreditar em tal possibilidade, mas isso é normal, as pessoas ficam surpresas quando algo inesperado acontece. Fiquei noites e noites pensando na sua ausência e em todos os momentos que deveria ter sentido a sua falta, mesmo tendo apenas meras ilustrações em minha cabeça da sua fisionomia. Eu cresci, e durante esse tempo eu pude viver bem. Quando tinha 4 anos, contei para minha tia que eu tinha um namorado, ela riu um pouco e depois disse que eu não tinha idade para aquelas coisas... Imaginei qual seria a sua reação quanto a isso. Quando tinha 7 anos, grampeei meus dedos ao tentar arrumar um trabalho para a escola, eu chorei ao ver meu sangue escorrer, e você não estava ali para abraçar-me e dar um "beijinho" para sarar. Eu fui uma criança feliz e  nunca nada me faltou, na verdade, eu nunca senti a sua falta, eu apenas posso perceber hoje, os momentos em que eu poderia ter sentido mas não senti. Eu aprendi a andar, eu levei inúmeros tombos, eu aprendi a ler, aprendi a escrever, chorei fazendo birra, assisti desenho de manhã, comi "danone" tomei "nescau", brinquei com bonecas, aprendi a andar de bicicleta,ganhei um cachorrinho, brinquei de pique-esconde, aprendi a falar com Deus, aprendi a me expressar, fiz inúmeros desenhos, ganhei ursinhos de pelúcia, escrevi mil cartas, eu simplesmente cresci! E apenas uma palavra eu nunca pude dizer: Mamãe. Porque eu nunca te tive por perto e nunca me ensinaram a te amar. Não existiam motivos para essa palavra fazer parte do meu vocabulário. Espero que entenda meu medo Dona Ana, ainda não sei quais foram os seus motivos para deixar-me na casa dos meus tios e sumir por tanto tempo. Posso dizer que todos os dias tento vê-la como minha mãe e essa não é uma tarefa fácil! Mas um passo adiante nós já tomamos! Nós nos conhecemos! Espero que seja só questão de tempo para que eu posso abrir a minha boca e falar com gosto: EU TE AMO MÃE.
Um Abraço
  Lilian

44ª edição cartas - Infância Nostálgica Bloínquês
Muito obrigada projeto Bloínquês pela oportunidade.

2 comentários:

Vinicius Ferrari disse...

Criatividade: Sem palavras garota! Carta realmente comovente, envolvente e muito criativa. Senti sentimentos nela, e se essa história foi completamente inventada por você só posso te dar meus parabéns!

Ortografia: Sem erros ortograficos/gramaticais

Tema: é uma carta completamente dentro do tema proposto. Adorei.

Tenha um ótimo final de semana! parabéns pela linda carta. beijos

Érica Arruda disse...

Olá Vinicius
Fico feliz que tenha gostado da minha carta.
A história contém apenas alguns fragmentos da realidade, mas o contexto geral foi criação minha.
Obrigada pela avaliação.

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