Clarice estacionou o carro em frente a padaria de dona Rosária, pelo menos ela esperava que ainda fosse, e entrou naquele pequeno comércio onde comprava pão todos os dias quando morava por ali. Quando entrou no estabelecimento, sentiu aquele delicioso cheiro de rosquinhas, aquele cheiro que ela tanto adorava. Se dirigiu ao balcão, onde estava uma menina que aparentava ter uns 16 anos. "Olá, você pode me informar se esta padaria ainda é da dona Rosária?" Perguntou ela com delicadeza. "Sim, é sim, você quer falar com ela?" Respondeu ela sutilmente, parecendo ser muito simpática. Clarice assentiu com a cabeça e a menina seguiu em meio a uma porta que ficava nos fundos da padaria. Alguns minutos depois, ela voltou, e logo atrás, vinha uma velha senhora caminhando em passos lentos e com uma expressão de curiosidade para saber quem a havia chamado. Clarice sorriu ao vê-la e não demorou muito, as lágrimas rolaram. Dona Rosária, por alguns instantes, não soube quem era aquela jovem que chorava ao vê-la, mas quando olhou bem aquele rosto, aquela expressão, não precisou de apresentações. Abraçou-a sem dizer nenhuma palavra, envolveu-a em seus pequenos braços assim como quando ela era criança. "Nem posso acreditar que você lembrou da sua velha madrinha minha filha" Dizia dona Rosária " Eu apenas tinha medo, muito medo tia Rosa. Não sabe o quão difícil foi vir aqui." Dona Rosária, além de dona da padaria, era a madrinha de Clarice, sempre cuidou da afilhada como se fosse sua própria filha, e ficou desnorteada quando a menina foi embora da cidade, deixando-lhe apenas uma carta:
"Querida tia Rosa,
Sei que neste momento está chateada comigo, e não lhe tiro a razão para isso.Eu precisava ir embora, precisava me afastar. Sabe tia Rosa, eu ando com umas certas dúvidas em relação ao Marcelo, não sei se ele será um bom padrasto na ausência de minha mãe.Eu não posso continuar aqui, além do mais, em breve completarei 18 anos e ninguém mais controlará minha vida.Espero poder voltar um dia, para abraçar-lhe.
Um abraço, Clarice.
Dona Rosária não sabia da verdade entre Clarice e Marcelo, a menina sempre achou melhor não contar. Na verdade ela sentiu medo de ser rejeitada pela única que ainda poderia lhe dar apoio naquele mundo. Mas depois daqueles 5 anos, Clarice decidiu que estava na hora de se abrir com sua madrinha.
Continua
Por: Érica Arruda
Pessoal, mas uma parte da história, espero que tenham gostado
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